Ao todo 57% dos entrevistados acreditam que nada deve mudar apesar da crise financeira vivida pelas instituições
Uma pesquisa realizada pela Datafolha no mês de novembro aponta que as três universidades de São Paulo - Unicamp, USP e Unesp - devem continuar gratuitas, inclusive para quem pode pagar. Ao todo 57% dos entrevistados acreditam que nada deve mudar apesar da crise financeira vivida pelas instituições. A Unicamp, por exemplo, projeta déficit de cerca de R$ 290 milhões para o próximo ano. A universidade já aprovou cortes de gastos para 2018, entre eles a suspensão de concurso público e o aumento de 50% no bandejão - restaurante universitário.
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Segundo a pesquisa, a avaliação é maior entre os mais jovens e aqueles com ensino superior completo. Já os outros 43% acreditam que deveriam ser cobradas mensalidade para quem tivesse condições de pagar pelo ensino superior nessas instituições.
Entre os jovens de 16 a 24 anos, 70% concordam com a gratuidade. Entre os grupo de jovens com idades entre 25 a 34 anos esse númeor chega a 62%. A tendência é inversa no grupo de pessoas com mais de 60 anos: 58% acreditam na cobrança para pessoas com condições.
Outra particularidade da pesquisa é que quanto maior a escolarização, maior é a concordância com a gratuidade - 62% são favoráveis ao não pagamento.
Por outro lado, a maioria com renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos, 51%, afirma que as universidades deveriam cobrar dos alunos que podem pagar.
Ao todo o levantamento foi feito em 68 municípios do Estado entre os dias 28 e 30 de novembro e atingiu 2.006 acima de 16 anos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A gratuidade nas universidades públicas para a graduação e pós-graduação é definida pela Constituição Federal. Qualquer alteração nesse sentido, dependeria inicialmente de decisão do Congresso Nacional.
A Unicamp tem 36.598 mil alunos e um corpo docente de 2.179 professores. Os repasses do Estado entre janeiro a novembro deste ano chegou a R$ 1,8 bilhões. É o menos se comparado com a USP que recebeu no mesmo período R$ 4,2 bi e a Unesp que recebeu no igual período R$ 1,9 bi.
As três universidades são financiadas por uma parcela fixa de 9,57% do ICMS e têm autonomia para gerir seus orçamentos. As três enfrentam crise financeira desde 2014, e seus gastos com salários têm consumido praticamente todos os repasses do Estado.