Economista José Carlos de Lima Júnior falou sobre o processo de produção e o aumento dos valores dos produtos.
O aumento nos preços dos alimentos tem impactado significativamente o orçamento das famílias brasileiras. De itens básicos como arroz e feijão a proteínas como carne e frango, a alta generalizada tem levado muitas pessoas a repensarem seus hábitos de consumo.
Recomposição de Preços e Cadeia Produtiva
Segundo José Carlos Gilima Jr., economista da FGV e sócio da consultoria Marquestrat, a alta atual é, em parte, uma recomposição de preços após quedas durante a pandemia. No entanto, outros fatores contribuem para o cenário, como a alta de 28% no preço do milho, essencial para a criação de frangos, e a estiagem que afetou a produção de pastagens para o gado. Essa interdependência entre produtos demonstra o efeito cascata na cadeia produtiva, onde o aumento do custo de um item impacta diretamente o preço de outros.
Impacto da Política Externa e Sustentabilidade
A situação é ainda mais complexa quando se considera o cenário internacional. A proximidade do fim do ano, período de maior consumo, aliado à escassez de alguns produtos devido a paralisações industriais no Brasil e no exterior, tende a agravar a inflação. Além disso, a valorização do dólar torna alguns produtos brasileiros mais atrativos para exportação, o que pode reduzir a oferta interna e aumentar os preços. A política americana, com maior ênfase em critérios de sustentabilidade na produção de alimentos, também pode impactar as exportações brasileiras, uma vez que o país precisa atender a padrões mais rigorosos para acessar mercados exigentes como o europeu e o japonês.
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Em resumo, a alta nos preços dos alimentos resulta de uma combinação de fatores que vão da recomposição de preços pós-pandemia à complexa interdependência da cadeia produtiva, passando pelos impactos da política externa e da crescente demanda por práticas sustentáveis na produção. A situação exige atenção e adaptação por parte dos consumidores e do setor produtivo.