Colheita de café na região da Alta Mogiana fica abaixo das expectativas em 2025
A colheita de café de 2025 na região da Alta Mogiana, em São Paulo, está se aproximando do fim com um saldo preocupante para os produtores. Um cenário climático desfavorável, marcado por longos períodos de estiagem e temperaturas elevadas, resultou em uma quebra de produtividade que, para muitos produtores, chegou a 20% a 30% em relação às expectativas iniciais. Para entender melhor os impactos dessa queda na produtividade do café, conversamos com Rafael Stefani, especialista em café e cultura.
Impactos da Quebra na Produtividade
Para o produtor, uma menor produção significa menos receita, o que pode levar à redução de investimentos. Produtores que esperavam colher uma quantia ‘x’ de sacas acabaram colhendo menos, afetando diretamente seus compromissos financeiros. O mercado já reagiu a essa situação, com preços da saca de 60 quilos acima de dois mil reais. Possivelmente, esses preços podem se refletir nos próximos meses para o consumidor final.
Fatores Climáticos e o Ciclo do Café
A primeira perda foi percebida após a florada em 2024, devido à estiagem prolongada na Alta Mogiana, que ficou praticamente seis meses sem chuvas. Quando a chuva finalmente chegou, a combinação de tempo seco e altas temperaturas prejudicou o pegamento da florada. Em fevereiro e março, um veranico incomum também afetou a granação do fruto, resultando em perdas no tamanho e peso do grão. O fator climático foi determinante para essa perda.
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Após a florada, não há muito o que fazer além de cuidar do que restou na planta. A partir do momento em que a flor não vingou, não há outra florada principal. O foco passa a ser em cuidar daquilo que a planta conseguiu segurar, adubando e aplicando os tratamentos necessários para maximizar o potencial dos grãos remanescentes.
Estratégias para Mitigar as Perdas
O que está compensando é o preço da saca. Embora o café esteja caro para o consumidor, ele também está escasso. As margens de estoque estão apertadas. O mercado, especialmente o mercado externo, que vê o Brasil como o maior fornecedor de café para o mundo, reage com a lei da oferta e demanda. Com menos oferta, os preços sobem, ajudando o produtor nessa fase, mesmo que não haja muito café para ser vendido. É crucial que o produtor faça suas contas e diminua seus gastos para conseguir chegar até a próxima safra.
Agora, o foco é na próxima safra, com a poda, tratos e plantio de novas mudas. A boa notícia é que este ano está menos seco do que o ano passado, com chuvas em maio, junho e julho, preparando as lavouras para uma safra melhor em 2026.
Diante desse cenário desafiador, os produtores de café da Alta Mogiana buscam estratégias para minimizar os impactos da quebra na safra e se preparam para um novo ciclo, com a esperança de condições climáticas mais favoráveis no futuro.