Dor de cabeça: quando esse sintoma pode indicar um risco maior?
Dor de cabeça é um problema comum, afetando grande parte da população em algum momento da vida. Mas quando ela se torna frequente ou intensa, é importante buscar orientação médica. Neste artigo, exploraremos os principais aspectos da dor de cabeça, desde suas causas até as opções de tratamento, com base em informações fornecidas pela professora de neurologia Fabiola Dach.
Sintoma, não doença
É crucial entender que a dor de cabeça, na maioria das vezes, é um sintoma e não uma doença em si. Assim como a dor em geral, ela pode ser um sinal de alerta do corpo. No entanto, nem sempre indica algo grave. Existem sinais de alerta, chamados de “red flags”, que exigem atenção imediata. Esses sinais incluem o surgimento de dor de cabeça acompanhada de alterações neurológicas, como perda de força, sensibilidade ou visão, e até mesmo perda de consciência.
Pacientes imunossuprimidos, seja por tratamento (doenças autoimunes, uso de imunossupressores, tratamento para câncer) ou por condições como diabetes descontrolada, também devem estar atentos ao surgimento de dor de cabeça, pois pode indicar uma infecção. Além disso, quedas com trauma na cabeça seguidas de cefaleia progressiva requerem investigação.
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Automedicação: um risco
A automedicação para dor de cabeça é um problema sério. Ao se automedicar, a pessoa pode estar retardando o tratamento adequado, permitindo que a causa subjacente progrida. Além disso, o uso incorreto de medicamentos pode levar a efeitos colaterais, alguns dos quais podem ser graves. A facilidade de acesso a analgésicos, impulsionada pela publicidade e pela falta de restrição de venda, contribui para o uso excessivo e, muitas vezes, inadequado desses medicamentos.
É importante ressaltar que a cultura e o nível de educação da população influenciam na automedicação. Pessoas com menor acesso à informação tendem a buscar soluções rápidas na internet, sem a devida orientação médica. A falta de acesso à assistência médica de qualidade também contribui para esse cenário, levando as pessoas a se automedicarem como forma de aliviar a dor.
Estresse e telas: vilões modernos
O estresse é um fator desencadeante importante para alguns tipos de dor de cabeça, como a cefaleia tensional e a enxaqueca. Em momentos de maior estresse, como períodos de provas ou alta carga de trabalho, as crises tendem a ser mais frequentes. Além disso, o uso excessivo de telas, como celulares e computadores, também pode contribuir para o surgimento da dor de cabeça. A exposição prolongada à luz das telas e a postura inadequada (cabeça baixa) podem desencadear crises em pessoas predispostas.
A migrânia, por exemplo, é mais comum em mulheres e pode estar relacionada a fatores hormonais, como o estrogênio. Já a cefaleia em salvas é mais frequente em homens. A prevalência da migrânia é de 15% na população geral, sendo 7% nos homens e 25% nas mulheres.
É fundamental procurar ajuda médica se a dor de cabeça se tornar frequente (mais de três dias por mês) ou se apresentar características diferentes do habitual. Um neurologista poderá fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais adequado.
Em resumo, a dor de cabeça é um sintoma comum, mas que exige atenção. A automedicação pode ser prejudicial, e a busca por orientação médica é fundamental para identificar a causa e receber o tratamento adequado. Adotar hábitos saudáveis, como controlar o estresse, limitar o uso de telas e praticar exercícios físicos, pode ajudar a prevenir as crises.