Dimas Facioli comenta o que diz essa norma e os principais motivos que impactam psicossocialmente as pessoas no trabalho
O burnout e o turnover são temas cada vez mais discutidos nas áreas de recursos humanos, pois impactam diretamente as condições de trabalho e o ambiente organizacional. O burnout é caracterizado por um estado de exaustão física e mental, além de estresse crônico relacionado ao trabalho.
Segundo Dimas Facioli, especialista em recursos humanos, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), que trata do ambiente de trabalho, foi atualizada para incluir fatores de riscos psicossociais. Essa atualização, em vigor desde maio de 2024, obriga as organizações a identificar, avaliar e mitigar esses riscos. Até maio de 2026, o Ministério do Trabalho realizará visitas orientativas, sem aplicação de multas, mas a partir dessa data, penalidades poderão ser aplicadas caso as empresas não cumpram as exigências.
Os riscos psicossociais envolvem fatores como o conteúdo do trabalho, a organização das atividades, o ambiente social e as características individuais dos trabalhadores. Esses elementos podem levar a problemas como estresse, ansiedade, burnout, queda de produtividade, absenteísmo, desmotivação e alta rotatividade.
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Dados recentes indicam que o Brasil enfrenta uma epidemia de burnout. Entre 2019 e 2023, o número de afastamentos por burnout cresceu quase 1.000%, passando de 178 para 421 casos. Em 2024, foram concedidas cerca de 480 mil licenças médicas relacionadas ao burnout, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Em relação ao turnover, um estudo com quase 700 empresas mostrou que a média de desligamentos voluntários no país é de 16% ao ano, com uma rotatividade total de 30%.
O Ministério do Trabalho estima que os prejuízos causados por afastamentos relacionados a doenças psicossociais chegam a quase 400 bilhões de reais, o equivalente a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Esses custos envolvem perda de produtividade, gastos com atendimentos médicos e psicoterapêuticos, além da rotatividade elevada e perda de talentos.
Para enfrentar esses desafios, as empresas devem monitorar indicadores quantitativos, como número de afastamentos por transtornos mentais, taxas de absenteísmo e presenteísmo, clima organizacional e turnover. Também é fundamental avaliar aspectos qualitativos, como a capacitação da liderança, eficácia dos canais de escuta e índice de satisfação dos colaboradores.
Facioli destaca a importância de canais confiáveis para que os funcionários possam relatar problemas, incluindo casos de assédio e burnout, especialmente quando o problema está relacionado à liderança direta. A escuta ativa é essencial para prevenir o agravamento de doenças psicológicas relacionadas ao trabalho.
O especialista ressalta que investir na prevenção e no monitoramento do bem-estar dos colaboradores é uma oportunidade para as empresas melhorarem o ambiente de trabalho, aumentando a satisfação e a produtividade. Um ambiente saudável favorece a permanência dos funcionários e a qualidade do trabalho.
Pontos-chave
- Atualização da NR1 inclui riscos psicossociais, com vigência desde maio de 2024 e multas previstas a partir de maio de 2026.
- O Brasil registra aumento significativo nos afastamentos por burnout e alta rotatividade nas empresas.
- Prejuízos econômicos relacionados a doenças psicossociais chegam a quase 5% do PIB.
- Empresas devem monitorar indicadores quantitativos e qualitativos e implementar canais eficazes de escuta para prevenir problemas.
Entenda melhor
Riscos psicossociais são fatores do ambiente de trabalho que afetam a saúde mental e física dos trabalhadores, incluindo organização do trabalho, relações interpessoais e características individuais. A gestão adequada desses riscos contribui para um ambiente mais saudável e produtivo.