Economista Luciano Nakabashi reforça a importância da capacitação das empresas para melhorar os processos de exportação
Ribeirão Preto registrou uma queda nas exportações em fevereiro: o município exportou US$ 20,3 milhões, valor que representa uma redução de 12,67% — cerca de US$ 3 milhões a menos — em relação a janeiro. Os principais produtos comercializados foram estanho e ração animal. Entre os itens exportados também aparecem medicamentos, instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária, segundo o último levantamento do Ministério do Desenvolvimento.
Queda mensal e perfil dos produtos
O recuo nas vendas externas acontece em um contexto em que os embarques locais ainda são concentrados em produtos agropecuários e bens de saúde. Apesar da diversificação, a perda percentual entre janeiro e fevereiro chama a atenção de autoridades e empresários, que avaliam causas como flutuações cambiais e mudanças em regras comerciais.
Programas de apoio e investimentos
Para estimular o movimento exportador, a Apex-Brasil — agência brasileira de promoção de exportações vinculada ao governo federal — atua na região atendendo 144 empresas por meio de programas de qualificação e planejamento. Segundo representantes locais, o investimento já ultrapassa US$ 2 milhões e deve crescer até o final do próximo ano. Na carteira de beneficiadas há 36 empresas dos setores de tecnologia e saúde e 29 voltadas a alimentos, bebidas e agronegócio. As vagas para os programas de capacitação ainda estão abertas.
Leia também
Desafios apontados por especialista
O economista e professor Luciano Nakabashi, da FEA-USP em Ribeirão Preto, destacou a necessidade de preparação específica para competir em mercados externos. “Exportar exige conhecimento de novas variáveis e mercados; é preciso estar preparado tecnicamente e em termos de planejamento”, afirmou. Nakabashi defende investimentos públicos em capacitação e políticas que incentivem a agregação de valor aos produtos locais.
Ele também chamou atenção para riscos cambiais e para a complexidade burocrática: “Há instrumentos para mitigar a variação cambial, como seguros, mas a grande barreira continua sendo a burocracia excessiva e a instabilidade nas regras, que tornam o processo mais incerto”. Segundo o especialista, os primeiros passos para quem quer começar a exportar incluem buscar informações sobre programas de capacitação, estudar os mercados-alvo e contar com o apoio de profissionais e instituições que já atuam nas exportações.
A movimentação das exportações em Ribeirão Preto mostra potencial, mas também evidencia a necessidade de articulação entre setor público, empresas e instituições de apoio para reduzir entraves e ampliar o valor agregado das vendas ao exterior.



