A partir de 1º de janeiro de 2026, a reforma tributária começa a valer e promete mudanças profundas na rotina do agronegócio brasileiro. O tema tem gerado preocupação entre produtores rurais, especialmente pelos impactos na formalização, na gestão e nos custos administrativos das atividades no campo.
Em entrevista à CBN Ribeirão Preto, o especialista José Carlos de Lima Júnior explicou que a reforma não tem caráter arrecadatório, mas promove uma reorganização completa do sistema tributário. Com isso, entram em vigor o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), unificando tributos estaduais e federais.
Uma das principais mudanças para o produtor rural é a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica, que substitui documentos em papel e exige adaptação imediata dos sistemas de gestão. Segundo o especialista, esse processo aumenta a formalização de toda a cadeia produtiva, mas também traz custos adicionais no curto prazo.
Embora o agronegócio conte com uma alíquota reduzida, estimada em cerca de 60% de desoneração sobre a alíquota padrão, o impacto final varia conforme o perfil de cada atividade. A lógica da reforma elimina a cumulatividade de impostos, ou seja, deixa de haver cobrança de tributo sobre tributo, concentrando a taxação no consumo final.
Outro ponto de atenção envolve relações comuns no campo, como o arrendamento de terras. A partir de atrásra, esse rendimento passa a ser tratado como renda imobiliária, o que altera completamente a forma de tributação para proprietários rurais que alugam suas áreas.
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Além das mudanças tributárias, o cenário para 2026 também é considerado desafiador para o agronegócio. O ano será marcado por eleições presidenciais, possível volatilidade cambial e incertezas no comércio internacional, incluindo tensões envolvendo exportações brasileiras, como o mercado de carnes para a China.
Segundo José Carlos de Lima Júnior, a oscilação do dólar influencia diretamente os custos de produção, já que muitos insumos do agro têm preços atrelados à moeda norte-americana. Mesmo quem negocia apenas em reais sente os efeitos do câmbio no dia a dia.
Diante desse contexto, o especialista reforça a importância de o produtor rural contar com apoio profissional, como contadores, advogados e administradores, para se adaptar às novas regras e preservar a rentabilidade do negócio. Ele também destaca o papel estratégico das cooperativas, que devem ganhar ainda mais força ao facilitar a integração, a digitalização e o acesso à informação no campo.