Crescimento foi de 17,6% em 2024, segundo dados do Panorama do Sistema de Consórcios; professora de economia analisa

O sistema de consórcios brasileiro registrou crescimento significativo em 2024, com alta de 17,6% na carteira, atingindo um total de 125 bilhões de reais, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O número de cotas comercializadas chegou a 4,5 milhões, elevando as cotas ativas para 11,35 milhões, um aumento de 9,7% em relação ao ano anterior.

Durante o ano, 1,68 milhão de cotas foram contempladas, permitindo que os consorciados acessassem crédito para aquisição de bens. O setor do agronegócio destacou-se como um dos principais compradores de cotas, especialmente para máquinas pesadas. Mônica Roce, executiva de vendas de consórcios para esse segmento, afirmou que as vendas aumentaram 27% em 2025, refletindo a crescente procura dos produtores rurais.

Segundo Mônica, o consórcio é uma alternativa vantajosa para aquisição de máquinas, pois não envolve cobrança de IOF, o que representa uma economia significativa em comparação a financiamentos tradicionais. Ela destacou que o consórcio é uma das opções financeiras utilizadas por produtores de diferentes portes, ao lado da compra à vista e do financiamento.

Funcionamento do consórcio

A economista e professora de economia e finanças Beatriz Selan explicou que o consórcio funciona como um grupo de pessoas com o mesmo objetivo de adquirir um bem, que pagam mensalidades para formar uma poupança coletiva. Periodicamente, os participantes são contemplados por sorteio ou lance, recebendo uma carta de crédito para a compra do bem, mas continuam pagando as parcelas até o término do plano.

Beatriz ressaltou que o consórcio é seguro desde que administrado por empresas autorizadas e fiscalizadas pelo Banco Central. Ela alertou para o índice de exclusão, que indica a quantidade de participantes que deixam o consórcio antes de serem contemplados e recebem de volta o valor pago, porém ficam no final da fila para receber a carta de crédito.

Vantagens e limitações

O consórcio não cobra IOF, diferentemente dos financiamentos bancários, mas possui taxa de administração, que gira em torno de 18,4%. Beatriz destacou que o consórcio pode ser uma ferramenta de educação financeira, ajudando as pessoas a poupar e planejar a aquisição de bens a longo prazo.

Ela também alertou que o sorteio e o lance não garantem a contemplação rápida, e que os participantes devem estar preparados para continuar pagando as parcelas mesmo após receberem a carta de crédito. Segundo a economista, quase metade dos consorciados não adquire o bem ao final do contrato, o que reforça a importância de ler atentamente o contrato e entender as regras do consórcio.

Considerações finais

O crescimento do mercado de consórcios reflete a busca por alternativas de crédito e planejamento financeiro, especialmente em setores como o agronegócio. No entanto, especialistas recomendam cautela e análise detalhada antes de aderir a um consórcio, considerando as taxas, prazos e o perfil financeiro do participante.

Entenda melhor

O consórcio é uma modalidade de compra parcelada em grupo, onde os participantes pagam mensalidades para formar uma poupança coletiva. A contemplação ocorre por sorteio ou lance, e o participante recebe uma carta de crédito para adquirir o bem desejado. É importante verificar se a administradora é autorizada pelo Banco Central e analisar o índice de exclusão para entender os riscos envolvidos.